terça-feira, 22 de março de 2016

Momento oftalmologista: reflexão sobre o cenário político brasileiro

Outro dia, numa outra rede, vi uma imagem muito intrigante, falando sobre os problemas de visão.
O garotinho, muito inteligente, adiciona aos problemas de visão citados pelo seu pai, ou professor, ou tio, um problema maior, condizente com o cenário político brasileiro: a raiva.
Lembrei-me de um filósofo chamado Immanuel Kant (1724-1804) e uma teoria interessante sobre os óculos com os quais enxergamos os mundos. Na filosofia kantiana, os óculos seriam premissas da forma como enxergamos o mundo. Estas premissas são frutos da razão, e nos ajudam a entender as nossas experiências de vida. A fórmula kantiana entrou de uma forma contundente no debate entre empíricos e racionalistas.
Acredito que Kant esteja correto. Não me aprofundei ainda neste filósofo, mas dada a situação atual, é preciso ir um pouco além.
Não somente a razão nos coloca óculos, mas também os sentimentos nos colocam eles.
Vejamos o cenário político atual do Brasil: petralhas X coxinhas.
Os dois grandes grupos que dividiram a política nacional estão se gladiando com tanta intensidade que é possível que com o atrito de seus átomos ocorra um novo Big-Bang.
Que óculos eles têm usado?
Antes de falar sobre os óculos que eles têm usado, quero esclarecer duas coisas:
1) Minha intenção aqui não é tomar partido, e sim refletir diante de minha consciência se tenho me imposto algum óculos que me impede enxergar a realidade e contribuir para um país melhor;
2) O texto generaliza, mas qualquer pessoa com boas condições mentais pode dizer se está ou não usando esses óculos.
Prosseguindo: o óculos da paixão e o óculos do ódio.
Os petralhas tomaram sobre si os óculos da paixão. Não conseguem enxergar que, realmente, a Dilmãe não tem sido boa presidente. Os dois mandatos dela foram pífios. Parece que ela tão somente esquentou a cadeira para que o Papai-Lula pudesse voltar logo mais. Lembrando que o plano de governo petista é de trinta anos.
A paixão deles pelo lulo-petismo não os deixam enxergar que sim, a nomeação de Lula foi jogada política. Por mais que não haja uma prova clara da intenção da presidente (partindo sempre do pressuposto que todos são inocentes, até que se prove o contrário, que é o que a deixa livre de um crime de responsabilidade), outros áudios mostram que a intenção dos que estão em volta era uma só: foro privilegiado. Inegável que o ex-presidente pode (e tenho esperanças que vai, caso assuma o ministério) ajudar na resolução dos problemas políticos e econômicos do país, mas também não posso negar algo que está diante dos meus olhos: um dos motivos para o elevar a pasta da Casa Civil foi o foro.
Os coxinhas puseram sobre seus narizes o óculos do ódio. Não conseguem enxergar que Sergio Moro não é santo. Não existe isenção onde aquele homem exerce o magistrado. Ele tem um discurso muito bonito (Nem o príncipe está acima da lei), mas suas atitudes politicadas são referenciais do que não fazer com uma toga. Aliás, comparar Moro com Joaquim Mito Barbosa é piada... de mau gosto. Gosto de Joaquim porque seus pareceres são baseados na Constituição e não em sua vontade (ele que condenou o Mensalão do PT escreveu parecer contra o impeachment de Dilma, por exemplo). Moro e, por que não, Gilmar Mendes fizeram do judiciário um partido da oposição. Não é bem assim que a banda deve tocar.
Outra coisa que os ultra coxinhas não enxergam é que Bolsonaro de Messias só tem o nome. Mas sobre o Bolsonaro eu quero escrever depois. Só digo que o messianismo dele foi condenado por um ilustre prelado brasileiro.
Fato é que, o óculos da paixão e do ódio têm impedido o nosso país de buscar soluções plausíveis para a crise em que nos encontramos. Retiremos os óculos que nos cegam e nos impedem de tomar um melhor caminho para o nosso Estado Democrático de Direito.

terça-feira, 1 de março de 2016

Três razões para não ser de direita ou de esquerda

Depois de longos três anos incompletos, hoje eu decidi voltar a escrever.
A vida é feita de fases, e depois de passar por algumas delas decidi retomar um pouco desta trágica forma de passar tempo. Diz a vida que se o Padre Fábio de Melo pode, eu também posso.
Para o meu retorno eu escolhi o melhor tema de todos os tempos: Política.
Política é amor: ninguém passa por um assunto político sem querer ler, sem querer opinar, sem ao meno falar que é culpa da Dilma.
Aliás, como primeiro ponto a ser esclarecido: A CULPA DE TUDO NÃO É DA DILMA.
A Dilma está para os Bolsominions, como o demônio está para os fanáticos religiosos. Não que ela e ele não tenham sua dose de culpa, e, por vezes, até uma boa porcentagem nela, porém, a culpa não é só deles.
Não sou e não sei ser de esquerda. Também não sou nem e nem sei ser de direita. A esquerda e a direita não me representam.
No texto de hoje quero dizer três razões para que elas não me representem:
A Liberdade guiando o povo- Símbolo da Revolução Francesa
e do nascimento da direita e da esquerda

  1. A luta pelo poder tornou-se maior do que a luta pelo programa político:
No Brasil o panorama político acabou por se virar para uma luta eterna pelo poder, e não por um programa melhor ou pior de como usá-lo. Veja bem, a disputa política do nosso país apresenta hoje pouquíssimas e raríssimas propostas; o que se quer é o poder, e para chegar neste poder usa-se de marqueteiros que destruam o outro candidato e/ou tudo o que ele fez, e quem não entrar nesse estilo de disputa ad hominis fatalmente não chegará ao segundo turno. (Ex. Marina Silva)


    
       2. A arrogância das partes:


Hoje, no Brasil, dizer-se de direita ou de esquerda terminará num debate não para ver qual a solução para o nosso país, mas para ver quem é o alienado. No fim das contas, ninguém chega a conclusão nenhuma, a não ser que um lê a Veja e outro a Carta Capital.

    3. A idolatria dos ícones que, no fundo, são todos podres:

Por ícones, peço gentilmente que se entenda algumas pessoas: Lula e Aécio, e todos estes que têm sido exaltados/humilhados nestes últimos tempos. É frustrante como as pessoas viram fãs deles. 
Por que eu acuso todos eles (os que estão aqui em cima e mais alguns) de podres? Porque, meu caro, nenhum deles está preocupado com você, com o povo, com aqueles que sofrem. A preocupação deles de verdade é permanecer no poder que eles corromperam.
Não seja leviano de achar que os grandes nomes da política nacional estão nela pelo nosso bem, ou por acreditar em algo. Eles estão lá porque é mais cômodo para eles e porque eles fizeram da luta política uma carreira.
Tenho medo de nomes e pessoas que estão lá, e, aparentemente, acreditam em algo se corrompam e torne da política e da luta pelo poder uma carreira.