sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Quem votou em Dilma, votou em Temer? Óbvio!

É o velho ditado: pau que dá em Chico, dá em Francisco!
Impeachment de Collor, assumiu o Itamar Franco, seu vice. Não seria diferente com Dilma.
Não precisa ser de direita para entender, é óbvio: votou em Dilma, votou no seu vice.
Depois de um escandaloso projeto de Impeachment, a presidenta Dilma Roussef teve seu mandato cassado, e, como via de regra, assume em seu lugar o vice, Michel Temer. Não quero aqui discutir sobre a constitucionalidade do processo. A pergunta que quero fazer é a seguinte: a situação atual do governo brasileiro é democrática?
"Decorativo rs"
Primeiramente, quero analisar as propostas pela qual a chapa se elegeu:
1) Valorização da cultura nacional
2)Erradicação do Analfabetismo
3) Ampliação da Bolsa Família
4)Redução dos impostos sobre a folha de pagamento das empresas para estimular a geração de empregos.
Esse acima é o projeto de governo eleito em 2014, projeto que elegeu Dilma e o presidente Temer.
Agora, vamos analisar as medidas tomadas pelo Presidente Temer nos seus pouco mais de 100 dias no cargo:
1) Fim do MinC (voltou já)
2) Fim do programa de Alfabetização.
3) Medidas de 'flexibilização' da CLT (Leia-se inutilização)

Bom, já está claro, esse projeto de governo que está sendo imposto no Brasil não passou (e, talvez, nunca passaria) pelo crivo das urnas. Logo a situação no Brasil é antidemocrática. Michel Temer NUNCA foi votado! O que foi votado como vice foi sua caricatura, um anti-Temer, que se fez de "esquerdopata" para alcançar o poder a qualquer custo.
Agora, se tem alguém sentado à sede presidencial que não foi eleito por voto (50% +1) mas por voto de um Congresso (imoral, queira o Miguel Reale Jr. ou não), numa espécie de eleição indireta com duas chapas, essa pessoa merece ouvir gritos de fora!
O povo merece, em nome da democracia, eleições Diretas.
Enfim: fora, Temer!

terça-feira, 22 de março de 2016

Momento oftalmologista: reflexão sobre o cenário político brasileiro

Outro dia, numa outra rede, vi uma imagem muito intrigante, falando sobre os problemas de visão.
O garotinho, muito inteligente, adiciona aos problemas de visão citados pelo seu pai, ou professor, ou tio, um problema maior, condizente com o cenário político brasileiro: a raiva.
Lembrei-me de um filósofo chamado Immanuel Kant (1724-1804) e uma teoria interessante sobre os óculos com os quais enxergamos os mundos. Na filosofia kantiana, os óculos seriam premissas da forma como enxergamos o mundo. Estas premissas são frutos da razão, e nos ajudam a entender as nossas experiências de vida. A fórmula kantiana entrou de uma forma contundente no debate entre empíricos e racionalistas.
Acredito que Kant esteja correto. Não me aprofundei ainda neste filósofo, mas dada a situação atual, é preciso ir um pouco além.
Não somente a razão nos coloca óculos, mas também os sentimentos nos colocam eles.
Vejamos o cenário político atual do Brasil: petralhas X coxinhas.
Os dois grandes grupos que dividiram a política nacional estão se gladiando com tanta intensidade que é possível que com o atrito de seus átomos ocorra um novo Big-Bang.
Que óculos eles têm usado?
Antes de falar sobre os óculos que eles têm usado, quero esclarecer duas coisas:
1) Minha intenção aqui não é tomar partido, e sim refletir diante de minha consciência se tenho me imposto algum óculos que me impede enxergar a realidade e contribuir para um país melhor;
2) O texto generaliza, mas qualquer pessoa com boas condições mentais pode dizer se está ou não usando esses óculos.
Prosseguindo: o óculos da paixão e o óculos do ódio.
Os petralhas tomaram sobre si os óculos da paixão. Não conseguem enxergar que, realmente, a Dilmãe não tem sido boa presidente. Os dois mandatos dela foram pífios. Parece que ela tão somente esquentou a cadeira para que o Papai-Lula pudesse voltar logo mais. Lembrando que o plano de governo petista é de trinta anos.
A paixão deles pelo lulo-petismo não os deixam enxergar que sim, a nomeação de Lula foi jogada política. Por mais que não haja uma prova clara da intenção da presidente (partindo sempre do pressuposto que todos são inocentes, até que se prove o contrário, que é o que a deixa livre de um crime de responsabilidade), outros áudios mostram que a intenção dos que estão em volta era uma só: foro privilegiado. Inegável que o ex-presidente pode (e tenho esperanças que vai, caso assuma o ministério) ajudar na resolução dos problemas políticos e econômicos do país, mas também não posso negar algo que está diante dos meus olhos: um dos motivos para o elevar a pasta da Casa Civil foi o foro.
Os coxinhas puseram sobre seus narizes o óculos do ódio. Não conseguem enxergar que Sergio Moro não é santo. Não existe isenção onde aquele homem exerce o magistrado. Ele tem um discurso muito bonito (Nem o príncipe está acima da lei), mas suas atitudes politicadas são referenciais do que não fazer com uma toga. Aliás, comparar Moro com Joaquim Mito Barbosa é piada... de mau gosto. Gosto de Joaquim porque seus pareceres são baseados na Constituição e não em sua vontade (ele que condenou o Mensalão do PT escreveu parecer contra o impeachment de Dilma, por exemplo). Moro e, por que não, Gilmar Mendes fizeram do judiciário um partido da oposição. Não é bem assim que a banda deve tocar.
Outra coisa que os ultra coxinhas não enxergam é que Bolsonaro de Messias só tem o nome. Mas sobre o Bolsonaro eu quero escrever depois. Só digo que o messianismo dele foi condenado por um ilustre prelado brasileiro.
Fato é que, o óculos da paixão e do ódio têm impedido o nosso país de buscar soluções plausíveis para a crise em que nos encontramos. Retiremos os óculos que nos cegam e nos impedem de tomar um melhor caminho para o nosso Estado Democrático de Direito.

terça-feira, 1 de março de 2016

Três razões para não ser de direita ou de esquerda

Depois de longos três anos incompletos, hoje eu decidi voltar a escrever.
A vida é feita de fases, e depois de passar por algumas delas decidi retomar um pouco desta trágica forma de passar tempo. Diz a vida que se o Padre Fábio de Melo pode, eu também posso.
Para o meu retorno eu escolhi o melhor tema de todos os tempos: Política.
Política é amor: ninguém passa por um assunto político sem querer ler, sem querer opinar, sem ao meno falar que é culpa da Dilma.
Aliás, como primeiro ponto a ser esclarecido: A CULPA DE TUDO NÃO É DA DILMA.
A Dilma está para os Bolsominions, como o demônio está para os fanáticos religiosos. Não que ela e ele não tenham sua dose de culpa, e, por vezes, até uma boa porcentagem nela, porém, a culpa não é só deles.
Não sou e não sei ser de esquerda. Também não sou nem e nem sei ser de direita. A esquerda e a direita não me representam.
No texto de hoje quero dizer três razões para que elas não me representem:
A Liberdade guiando o povo- Símbolo da Revolução Francesa
e do nascimento da direita e da esquerda

  1. A luta pelo poder tornou-se maior do que a luta pelo programa político:
No Brasil o panorama político acabou por se virar para uma luta eterna pelo poder, e não por um programa melhor ou pior de como usá-lo. Veja bem, a disputa política do nosso país apresenta hoje pouquíssimas e raríssimas propostas; o que se quer é o poder, e para chegar neste poder usa-se de marqueteiros que destruam o outro candidato e/ou tudo o que ele fez, e quem não entrar nesse estilo de disputa ad hominis fatalmente não chegará ao segundo turno. (Ex. Marina Silva)


    
       2. A arrogância das partes:


Hoje, no Brasil, dizer-se de direita ou de esquerda terminará num debate não para ver qual a solução para o nosso país, mas para ver quem é o alienado. No fim das contas, ninguém chega a conclusão nenhuma, a não ser que um lê a Veja e outro a Carta Capital.

    3. A idolatria dos ícones que, no fundo, são todos podres:

Por ícones, peço gentilmente que se entenda algumas pessoas: Lula e Aécio, e todos estes que têm sido exaltados/humilhados nestes últimos tempos. É frustrante como as pessoas viram fãs deles. 
Por que eu acuso todos eles (os que estão aqui em cima e mais alguns) de podres? Porque, meu caro, nenhum deles está preocupado com você, com o povo, com aqueles que sofrem. A preocupação deles de verdade é permanecer no poder que eles corromperam.
Não seja leviano de achar que os grandes nomes da política nacional estão nela pelo nosso bem, ou por acreditar em algo. Eles estão lá porque é mais cômodo para eles e porque eles fizeram da luta política uma carreira.
Tenho medo de nomes e pessoas que estão lá, e, aparentemente, acreditam em algo se corrompam e torne da política e da luta pelo poder uma carreira.


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Brasileiros, brasilizai-vos!

Como na outra temporada, tenho acompanhado como um comentarista de TV o The Voice Brasil. Um dos melhores programas da nossa grade aberta ultimamente, faz parte do cotidiano do brasileiro assistir a mais um programa do Tiago Leifert, alguém que tem mandado muito bem nas apresentações de programa e mostrado-se bastante versátil, pois além do The Voice trabalhou e renovou o Globo Esporte, que antes era algo muito chato com o Lacombe. 
Respect the man!, com um canto bem internacional, Pedro Lima é
sem dúvida o mais cotado para ganhar o programa
A última temporada foi incrível, com a vitória de uma excelente cantora, a Ellen Oléria. Além de ter um horário bem melhor, domingo a tarde antecedendo ao jogo de futebol tradicional do Brasileirão. Essa temporada tem sido uma coisa um pouco mais difícil de assistir, seu horário de quinta noite é um problema para quem tinha aula cedo, mas valeu a pena, graças ao nível muito alto, de candidatos excelentes. A maioria teria vaga em muitas gravadoras de grande nome.
Os técnicos continuam os mesmos; talvez o Lulu esteja mais emotivo, a Claudia Leite está com um axé americano, o Daniel não se encontrou ainda e o Carlinhos Brown guardarei para depois. Houve duas substituições no time de assistentes: Preta Gil sai, entra Gaby Amarantos (pensem o que quiser...); Sai Ed Motta (que deveria ser técnico) e entra Maria Gadú (vai entender a Globo). 
Mas vamos ao problema. Primeiro, por que o nome do programa não é A Voz do Brasil? Por que americanizar se a voz é do Brasil? Segundo, é perceptível o quanto os candidatos de canto mais americanizado (volto a usar esse verbo, porque não inventaram outro) vêm se destacando nas votações do público. Pedro Lima, Sam Alves, Rubens Daniel, três dos quatro finalistas. A Lucy Alves, que tem um canto nacional, batalhou contra o Marcos Lessa, que tem um canto brasileiro. Os "derrotados" cantaram: Cecilia Militão, Meu Grande Amor de Lara Fabian; Luana Camarah, Hoje ainda é dia de rock do Oswaldo Montenegro, lembrando que ela adicionou muito de rock, mas muito nacional ainda; Gabby Moura, cantou Dona Ivone Lara (me rendi); Marcos Lessa, Travessia do Milton Nascimento.
O público tem sempre escolhido aqueles que têm um canto mais parecido com o canto internacional. Aqueles que cantam no estilo brasileiro, e não cantam nada mal, têm perdido o jogo. Aqueles que conseguem mostrar a voz com músicas como Hoje ainda é dia de rock estão perdendo espaço. 
Respeita o moço!, Tom Jobim, brasileiro aplaudido pelo
mundo todo
É manifesto que tem-se perdido espaço dentro do cenário musical nacional aqueles que tocam MPB, pura e simples MPB. A MPB tornou-se um biscoito de massa para os finos, já que ela nasce do povo, nasce da brasilidade, mas só escutada pelas classes ricas, ou quando aparecem nas novelas. 
O único dentro daquele programa que luta por brasileiros cantando algo brasileiro é o Carlinhos Brown, que irrita um bucado com aquele ozaiô! , contudo, ele mantem-se com a música do Brasil. Lucy Alves e Marcos Lessa são do seu time e a Ellen Oléria também era.
Conclamo vos a Brasilizai-vos! Musicalmente, o mandato é esse: BRASILIZAI-VOS! Nosso país tem um calibre de músicos incríveis, músicos este que foram exilados pelo público. Posso dizer isso do grande César Camargo Mariano (baita pianista, que só encontrou vaga lá fora), Marisa Monte e os seus três Grammy Latino, Tom Zé, sem esquecer de outro Tom, o grande Antônio Carlos Jobim. Esses tem mais espaço lá fora do que aqui. 
Brasilizai-vos seria um enriquecimento cultural muito grande ao povo brasileiro. Confesso, até eu tenho que me brasilizar mais. Vale a pena conhecer a música brasileira.

sábado, 7 de dezembro de 2013

O grande câncer de valores

Quando algo de muito estranho possa passar por absolutamente normal significa que estamos vivendo num mundo doente. Vejamos, um jovem ser condenado a prisão perpétua é algo comemorado e considerado digno de padrão para outros países, inclusive o Brasil. Sim, isto é algo absolutamente normal, mesmo que ao nosso primeiro ver é absolutamente estranho. Revela-se hoje na sociedade um câncer profundo nos valores éticos-morais.
O jovem foi acusado por ter cometido um crime (e isto é fato, ele realmente cometeu um crime!) de assassinar seu meio-irmão e abusar sexualmente de outro. Sim, ele fez isso tudo. Isso tudo num país que mata, e mata sem motivos. Que decide colocar suas tropas e ser o grande intrometido em toda a história; país que imagina que a Doutrina do Big Stick ainda seja valida, e que eles nasceram para mandar em tudo e serem um bando de intrometidos que dizem pregar uma paz armada.
Última queda da diplomacia americana
Há algo de errado em uma sociedade que decide que o certo seja condenar uma criança por tudo isso, sendo que ela é só o fruto de um sistema (um sistema absolutamente doente em valores!) que faz tudo aquilo que foi citado a cima, dentro de um país que é claramente um país egocêntrico e que espiona outros países.
O Brasil não pode se dar ao luxo de copiar o sistema norte-americano, nem ao menos buscar exemplos lá. Faz-se necessário que busquemos o nosso próprio caminho democrático, construir uma Justiça humana que lute por exemplos políticos dentro do próprio Estado, de um Estado que o poder é para servir e não para ser servido. Não é uma Justiça de punições pesadas que é a perfeita, mas a que cumpre as punições previstas com vigor e de forma enérgica, segundo o filósofo iluminista Jean Jacques Rosseau. 
Existem valores éticos e morais que têm se perdido na sociedade atual. O mundo sofre com uma cultura moderna, que tem parte boa, mas que, por conta de uma ruptura quase total com o estilo "clássico", perde suas raízes e se encontra desprovido de tudo o que engloba valores basilares. Algo que também mostra um câncer profundo em nossos valores é a questão da venda do corpo e da virgindade. Existe o argumento de que essa profissão é a mais antiga de todas, mas vender o seu corpo não é algo que pode ser aceito como modo de vida, nem tão pouco como profissão. Dentro da própria Igreja a modernização que rompe com tudo deixou uma crise nos valores basilares cristãos-católicos. Crise que percebe-se acentuada. 
A cura para esse câncer seria uma antropoterapia, onde o homem reveria os conceitos basilares, o homem reencontrar-se com a época de seus pais, revalidar valores, mantendo aquilo que a modernidade nos trouxe de bom e concertando com o exemplo do passado aquilo que a modernidade nos tirou. É necessário renovar, mantendo a essência, em forma de continuidade. Assim a sociedade seria mais feliz.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Um Eduardo que é também um José


Era Eduardo que acordava, mas sua mãe já havia acordado muito antes.
Eduardo ainda estava novo, pensava na faculdade, queria prestar todos os vestibulares possíveis, todos as grandes faculdades eram parte do seu sonho. Queria ser doutor, Doutor em Letras... talvez amasse ler. 
Sua mãe acreditava no sonho dos filho. Trabalhou como copeira durante muitos anos em um grande hotel, saía sempre as cinco horas da manhã, voltava sempre as oito da noite, era depressivo trabalhar dessa forma. Foi difícil para ela colocar o filho nos trilhos, sem marido, sem família, somente ela, o filho, Deus e o mundo que a condenava por trabalhar tanto por aquele rapaz. Ter um filho Doutor em Letras era contrastante, ela não sabia ler, não havia estudado, porém estava nova, tinha 37 anos ainda, uma moça. Quando criança trabalhava para seus pais, eram boias-frias no Nordeste, dinheiro era algo que ela não conhecia bem. Aos 15 anos estava grávida, precisava criar seu filho e aquela situação não era o que ela queria para aquela pequena criança que ela gerava em seu ventre, ela que nunca pensara em abortá-lo, por mais que o pai dele nunca tivesse dado conta de que teria um filho. Eduardo não tinha nome do pai na certidão de nascimento, mas isso não era tristeza para ele. Já aquela mulher que estava vindo do Nordeste tentar a vida parecia que iria padecer, desistir. Como mãe, desistir não era uma palavra que ela conhecia. Quando conseguiu, encontrou um emprego, uma mulher, que viera da mesma cidade que ela, a contratou, seria babá e faxineira, enquanto a patroa estaria atendendo em seu consultório ou então dando aula na maior faculdade de medicina do Estado. Ela ficou trabalhando naquela casa por três anos, até encontrar o emprego de copeira, este mesmo que ela sai sempre as cinco da manhã e volta as oito da noite, e de qual ela folga uma vez por semana; para ela tal emprego era um descanso. 
Ela criava Eduardo com todo o mimo possível para a realidade dela, em troca, o garoto deveria estudar. As notas de Eduardo sempre foram bem altas. Era um rapaz bonito, puxara a mãe, que era linda e forte, com belíssimos olhos azuis, que davam um belo contraste naquele corpo moreno por conta do sol. Além de estudar ele cuidava da casa; era recíproco, ele vivia para sua mãe, ela morreria por ele. Por vezes, limpava a casa, fazia o jantar e ainda escrevia durante madrugadas. 
De tanto estudar, Eduardo conseguiu uma bolsa em uma escola, dessas que passam na TV o número de alunos que passaram nas grandiosas faculdades públicas no último ano; faculdades como aquela onde a primeira patroa de sua mãe trabalhava. Ele entrou pela porta da frente, mas lá deixou de ser Eduardo, tornou-se só mais um José, como tantos outros. Sentiu a diferença social, não entendeu por quê sua mãe trabalhava tanto sendo que a mãe de outros alunos tinha tempo para busca-los na escola. "Onde estava a justiça?", e sobre essa pergunta é que fazia suas reflexões; como pode muitos terem tão pouco enquanto poucos têm muito. Doeria para ele saber que a mãe de algum de seus "amiguinhos" era a dona do hotel em que sua mãe trabalhava, doeria ver que o "patrão" de sua mãe era um irresponsável e inconsequente e enquanto a mãe deste era dona de um hotel, o filho não passava de mais um alienado por algumas coisas que não fazem tão bem assim.
Chegou então, em um certo dia, uma certa hora da tarde...
A mãe de Eduardo chegara mais cedo em casa, reclamara de uma dor de cabeça daquelas que te proíbem de pensar, nem que seja somente para se copeira. Chegou ela em casa. As dores não paravam, ela desatou a chorar. Deu dezoito horas, o filho deveria chegar em casa por estes momentos, de fato, ele chegou. Era exatamente 18h07, olhou sobre a mesa, viu que a bolsa de sua mãe estava lá e se alegrou. "Talvez ela tenha sido promovida e esqueceu de me contar", começou a gritar por ela, mas ela não o respondeu, achou então que ela poderia ter saído, comprar algumas coisas para comemorar a promoção... assim ele esperava. Quando foi sentar-se para estudar, reparou então em um corpo estendido no chão, era sua mãe que havia desmaiado. Mediu-lhe então o pulso, nada batia.
Eduardo agora acordava enquanto sua mãe estava dormindo.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

It's time to write

A quanto tempo não escrevo por aqui, isso não é descaso, é a soma da falta de tempo com a de criatividade. Criatividade é uma palavra complicada, quando a danada vai embora, acredite, não há nada que a faça voltar. Falta-me a inspiração de grandes acontecimentos, para mim, não para seres humanos normais, mas voilá, nada aconteceu. Passei uma semana em casa, o ócio não libertou minha criatividade, por conta de um tal de GTA V (é um jogaçoalhaço). Esta crise de inspiração é o meu terreno infértil, minha imperfeição total, minha tristeza, nada mais triste do que sentar a frente do computador e não aparecer inspiração nenhum. Mas eu estou decidido a escrever, e não será sobre crise de criatividade, porque eu não gosto de ser repetitivo (sim, eu já postei um texto sobre isso).

"É a nossa luz, não as nossas trevas o que mais nos apavora"
(Nelson Mandela)
Ultimamente eu tenho percebido algo, absolutamente natural diria, já que isso acontece com todo mundo. As pessoas têm medo da luz. "Eu não tenho medo do escuro mas deixe as luzes acesas", não Renato, não,  do que você realmente tem medo é da luz.
Estou falando da luz que emana de nós. Sim, temos uma luz emanente. Somos grandes candeeiros que deveriam andar por ai, sendo luz do mundo. Mas não andam.
Estava estudando Santa Teresinha, dia 1º de Outubro foi o dia dela, algo imperdível, já que é uma santa por quem tenho especial apego. Ela queria ser sal da terra e luz do mundo. O mais bonito é o modo pelo qual ela desejou fazer isso:

"No Coração da Igreja, minha Mãe, quero ser o Amor"
(Santa Teresinha do Menino Jesus)

Nós só temos medo da nossa luz porque temos medo do compromisso que o amor nos trás. Não o tipo de amor entre um homem e uma mulher, estou falando do amor por toda a criação, por Deus (ou aquilo que você acredita), pelo homem (no sentido de humanidade). Do amor no sentido completo. Esse amor nos compromete! Nos coloca em zona de turbulência, perigo. O Amor tira-nos de nós e nos da inteiramente aos outros, sem cobrar nada em troca. O nome disso é gratuidade.
Por fim, cheguei aonde eu realmente queria: gratuidade. Num mundo capitalista, esta palavra virou um palavrão pior do que qualquer outro. Posso contar uma breve história: estava conversando com meus amigos sobre minha opção de vida, até ai não tinha nenhum problema, mas chegou o ponto do voto de pobreza, e ai meu irmão é que a porca torceu o rabo. Por que uma pessoa viveria no voto de pobreza? Para poder amar as  pessoas, ou melhor, somente amar, de uma forma mais gratuita, mais livre.
A nossa vivência só terá sentido quando abandonarmos o nosso medo de deixar brilhar a luz que emana de nós: o Amor.  Temos medo de amar. Precisamos perder esse medo louco de nos comprometer com uma causa. A causa do amar é a causa soberana, a causa de todas as causas.
Vivamos para amar, sem reservas e de forma livre, vivamos pelo Amor. Façamos tal qual Santa Teresinha nos diz nessa frase final: