sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Brasileiros, brasilizai-vos!

Como na outra temporada, tenho acompanhado como um comentarista de TV o The Voice Brasil. Um dos melhores programas da nossa grade aberta ultimamente, faz parte do cotidiano do brasileiro assistir a mais um programa do Tiago Leifert, alguém que tem mandado muito bem nas apresentações de programa e mostrado-se bastante versátil, pois além do The Voice trabalhou e renovou o Globo Esporte, que antes era algo muito chato com o Lacombe. 
Respect the man!, com um canto bem internacional, Pedro Lima é
sem dúvida o mais cotado para ganhar o programa
A última temporada foi incrível, com a vitória de uma excelente cantora, a Ellen Oléria. Além de ter um horário bem melhor, domingo a tarde antecedendo ao jogo de futebol tradicional do Brasileirão. Essa temporada tem sido uma coisa um pouco mais difícil de assistir, seu horário de quinta noite é um problema para quem tinha aula cedo, mas valeu a pena, graças ao nível muito alto, de candidatos excelentes. A maioria teria vaga em muitas gravadoras de grande nome.
Os técnicos continuam os mesmos; talvez o Lulu esteja mais emotivo, a Claudia Leite está com um axé americano, o Daniel não se encontrou ainda e o Carlinhos Brown guardarei para depois. Houve duas substituições no time de assistentes: Preta Gil sai, entra Gaby Amarantos (pensem o que quiser...); Sai Ed Motta (que deveria ser técnico) e entra Maria Gadú (vai entender a Globo). 
Mas vamos ao problema. Primeiro, por que o nome do programa não é A Voz do Brasil? Por que americanizar se a voz é do Brasil? Segundo, é perceptível o quanto os candidatos de canto mais americanizado (volto a usar esse verbo, porque não inventaram outro) vêm se destacando nas votações do público. Pedro Lima, Sam Alves, Rubens Daniel, três dos quatro finalistas. A Lucy Alves, que tem um canto nacional, batalhou contra o Marcos Lessa, que tem um canto brasileiro. Os "derrotados" cantaram: Cecilia Militão, Meu Grande Amor de Lara Fabian; Luana Camarah, Hoje ainda é dia de rock do Oswaldo Montenegro, lembrando que ela adicionou muito de rock, mas muito nacional ainda; Gabby Moura, cantou Dona Ivone Lara (me rendi); Marcos Lessa, Travessia do Milton Nascimento.
O público tem sempre escolhido aqueles que têm um canto mais parecido com o canto internacional. Aqueles que cantam no estilo brasileiro, e não cantam nada mal, têm perdido o jogo. Aqueles que conseguem mostrar a voz com músicas como Hoje ainda é dia de rock estão perdendo espaço. 
Respeita o moço!, Tom Jobim, brasileiro aplaudido pelo
mundo todo
É manifesto que tem-se perdido espaço dentro do cenário musical nacional aqueles que tocam MPB, pura e simples MPB. A MPB tornou-se um biscoito de massa para os finos, já que ela nasce do povo, nasce da brasilidade, mas só escutada pelas classes ricas, ou quando aparecem nas novelas. 
O único dentro daquele programa que luta por brasileiros cantando algo brasileiro é o Carlinhos Brown, que irrita um bucado com aquele ozaiô! , contudo, ele mantem-se com a música do Brasil. Lucy Alves e Marcos Lessa são do seu time e a Ellen Oléria também era.
Conclamo vos a Brasilizai-vos! Musicalmente, o mandato é esse: BRASILIZAI-VOS! Nosso país tem um calibre de músicos incríveis, músicos este que foram exilados pelo público. Posso dizer isso do grande César Camargo Mariano (baita pianista, que só encontrou vaga lá fora), Marisa Monte e os seus três Grammy Latino, Tom Zé, sem esquecer de outro Tom, o grande Antônio Carlos Jobim. Esses tem mais espaço lá fora do que aqui. 
Brasilizai-vos seria um enriquecimento cultural muito grande ao povo brasileiro. Confesso, até eu tenho que me brasilizar mais. Vale a pena conhecer a música brasileira.

sábado, 7 de dezembro de 2013

O grande câncer de valores

Quando algo de muito estranho possa passar por absolutamente normal significa que estamos vivendo num mundo doente. Vejamos, um jovem ser condenado a prisão perpétua é algo comemorado e considerado digno de padrão para outros países, inclusive o Brasil. Sim, isto é algo absolutamente normal, mesmo que ao nosso primeiro ver é absolutamente estranho. Revela-se hoje na sociedade um câncer profundo nos valores éticos-morais.
O jovem foi acusado por ter cometido um crime (e isto é fato, ele realmente cometeu um crime!) de assassinar seu meio-irmão e abusar sexualmente de outro. Sim, ele fez isso tudo. Isso tudo num país que mata, e mata sem motivos. Que decide colocar suas tropas e ser o grande intrometido em toda a história; país que imagina que a Doutrina do Big Stick ainda seja valida, e que eles nasceram para mandar em tudo e serem um bando de intrometidos que dizem pregar uma paz armada.
Última queda da diplomacia americana
Há algo de errado em uma sociedade que decide que o certo seja condenar uma criança por tudo isso, sendo que ela é só o fruto de um sistema (um sistema absolutamente doente em valores!) que faz tudo aquilo que foi citado a cima, dentro de um país que é claramente um país egocêntrico e que espiona outros países.
O Brasil não pode se dar ao luxo de copiar o sistema norte-americano, nem ao menos buscar exemplos lá. Faz-se necessário que busquemos o nosso próprio caminho democrático, construir uma Justiça humana que lute por exemplos políticos dentro do próprio Estado, de um Estado que o poder é para servir e não para ser servido. Não é uma Justiça de punições pesadas que é a perfeita, mas a que cumpre as punições previstas com vigor e de forma enérgica, segundo o filósofo iluminista Jean Jacques Rosseau. 
Existem valores éticos e morais que têm se perdido na sociedade atual. O mundo sofre com uma cultura moderna, que tem parte boa, mas que, por conta de uma ruptura quase total com o estilo "clássico", perde suas raízes e se encontra desprovido de tudo o que engloba valores basilares. Algo que também mostra um câncer profundo em nossos valores é a questão da venda do corpo e da virgindade. Existe o argumento de que essa profissão é a mais antiga de todas, mas vender o seu corpo não é algo que pode ser aceito como modo de vida, nem tão pouco como profissão. Dentro da própria Igreja a modernização que rompe com tudo deixou uma crise nos valores basilares cristãos-católicos. Crise que percebe-se acentuada. 
A cura para esse câncer seria uma antropoterapia, onde o homem reveria os conceitos basilares, o homem reencontrar-se com a época de seus pais, revalidar valores, mantendo aquilo que a modernidade nos trouxe de bom e concertando com o exemplo do passado aquilo que a modernidade nos tirou. É necessário renovar, mantendo a essência, em forma de continuidade. Assim a sociedade seria mais feliz.